Verdade que minto?
É que o poema é mais bonito quando se está de olhos fechados.
É que a poesia está em tudo
E ela me toca
E então eu não tenho alegria
Tudo é fantasia
Até minha solidão é inventada
Meu amor, e minha dor são coisas criadas
Não por mim que de nada sei
Mas por outro ser que também não sei
Que inventou tudo isso
E me inventou também
Para sentir tudo que ele inventou
Eu sou uma invenção
Mas não tenho certeza
Tenho certeza de ter incertezas
Quem pode me explicar?
Ah...
Isso não é um lamento
Não é um ato de coragem
Andar é o que faço
Mas posso andar por uma imagem
E ser totalmente dependente
Daquilo que me cerca
Daquilo que me ver
Daquilo que é sentido por mim
É uma droga
É um vicio
É uma perdição ser assim
Eu não sei nada de mim, de mim mesmo
Apenas sinto sem saber dizer o que seja sentir
E sinto os vazios e as paixões
E sinto os decididos e as decisões
E sinto o maldito e a contradição
De matar o que ama o amado
E andar perdido sem sentido
Como se lamentasse ter vivido
Eu não sei, não sei e não sei...
Mas eu sinto
Sei que sinto
E por isso minto...
Mas será verdade que minto?