O voar da ave invisível

Se pudesse te dizer agora

O que aqui se faz

Talvez eu pudesse amanhã até sorrir

Mas a loucura das coisas imperfeita me refaz

E as dores que nunca tive começo a sentir

São coisas que se passam por aí

Amigos desconhecidos no escuro estão

E eu se pudesse, mas não posso em milhares me dividir

Que agonia agora garra de rapina finca-se

Por aqui

As trevas da noite é minha solidão

E não tenho com quem com elas eu as possa dividir

Na minha mente tudo é tão claro

É fácil a solução

Mas não posso alcançar de outro modo fora esse

Não

A imaginação é loucura não queira nem saber

É droga que se experimenta e logo se morre por um milhão de vezes

E aquilo que um dia foste tu

Esquelético arquétipo dos teus sonhos é o que te compraz

E apenas isso é o que resta a ti

Sentir a dor que todo mundo para esse mundo traz

E toda dor é a dor que estar em ti

Nenhum sorriso, vaticino, conseguirás

Que fazes viver sem mim

Eu no colégio ninguém mais

O oceano é uma distancia que não se pode andar

Mas eu juro te prometo nunca me terás

Que fazes tu querer sem mim

Provar do mundo e não sangrar

Estou aqui a te olhar

Que pena nem disso vós sabeis

E eu então, como inexistindo, partido estou

Entre o ali e o acolá

Que posso eu fazer?

Para acordar

Para te acordar

Nos acordar

E te fazer me apagar, esse rabisco

Que fizeste, e que sou eu...

Ou é você

Rabiscada

Que me sonhou num sonho meu...

A realidade não deixa se pegar

E cada ato é uma pluma que voa longe

E dela apenas a lembrança foi que restou

E foi-se... Feito ave imagem de nuvens

De nuvens

Nuvens

Nu

Vens

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 15/04/2010
Código do texto: T2197663
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