A proximidade distante
Um dia ainda vou te ver frente à frente,
não está muito longe,
e acho que vai ser muito estranho...
Um dia você foi a bigorna do meu travesseiro,
não há como não ser.
Que fui ou não a sua,
não terei certeza, mesmo dizendo que nunca vai me esquecer...
Nunca é muito tempo,ultrapassa o tempo da gente,
e a gente mesmo é esquecido...
Mas antes disso, estou certo que vou ficar frente contigo,
e nos veremos face a face,
porque mesmo as pedras se encontram,
mas é segredo...
A importância que nós damos a alguém
independe desse mundo virtual,
dessa proximidade distante que faz brotar ilusões,
como as que floresceram em nós.
Mas nossos sentimentos,
o cerne dos liames que nos atrelaram para sempre,
que dizer deles?
São ilusões?
São reais?
São mais que hiperreais...
A realidade é a gente que inventa,
e a vive sem nenhuma super pretensão
(sim, inventei você...)
as coisas morrem,
mesmo os cascalhos desfazem-se na lima do tempo,
mas as invenções são eternas...
Está tudo guardado para um possível abraço,
de alguma forma nos encontramos,
e isso, não sejamos pessimistas,
já é mágico...
Pensar em alguém é se conectar a esse,
entre o céu e a terra há mais segredos do sonha a nossa falta de filosofia, como disse o príncipe.
Há frutas que só liberam seu melhor sabor num tempo determinado,
verdes são venenos, além de maduras, cianureto.
De qualquer modo, nunca nos encontraremos fora da estação,
da hora e do dia exatos...
Não depende de nós,
depende da força e da pureza que tiver nossos corações,
nossos sentimentos, nosso ser...
Quem sabe um dia um estranho chegue a sua casa,
e peça água para acalentar os pés...
Peça-o que se sente enquanto busca da vasilha,
mas antes o olhe bem,
profundamente nos seus olhos,
porque quando voltares, possivelmente,
ele já se tenha partido...
Talvez não sejamos nada do que
nossos desejos e sonhos pintaram um dia,
você diz...
E isso é mais que verdade...