Campo
Murchas pétalas caem no solo de meu jardim,
– Pobre de mim, jardineiro sem nenhum pedigree!
Fase lagrimejante sem nenhuma face
Face ressecada pela envolvente brisa
Solo empobrecido sem nenhuma rosa.
Há pouco, muito pouco a fazer
Enquanto nos campos vizinhos gritos alegres
Encobrem a podridão que se apodera
Do corpo e da alma com prazer.
A piedade inexistente na falsa moral,
Em tudo aquilo considerado imoral!
Prazeres envoltos nas frias mortalhas,
Próximas a serem queimadas na fornalha,
– Pobre de mim, cremador canalha!
– Pobre de mim, desconhecido e frágil poeta!
Que em embrulhos registra seus versos,
Transformados e transportados no tempo
Com a força da fragilidade mortal
Na escuridão do meio de campo.
Despejando toda força dos desejos
Em prosas e versos sem valor,
– Pobre mundo, desconhecedor do amor!
Que em lágrimas se desfaz na escuridão,
Esquecendo da arte do viver
E da poesia do amar.
Israel Goulart, janeiro de 2010.