Ana entra na roda,
Entregue à ciranda
Centrifuga a dúvida,
E gira, gira.

O poste é redondo,
Nem por isso roda,
Imóvel em seu eixo
Egocêntrico.

Ana atravessa a estrada,
Sempre contínua na
Linha parada, passadas
Turvas, arriscadas.

O poste à beira da estrada,
Figura estática,
Reta abortada, jamais vai
Ao nada.

Ana se lança aos céus,
Se lhe faltam asas, não é
Anjo, é fada de contos
Adultos, desejada.

O poste cresce para o alto,
Estagnado em vertical,
Não voa, não faz mal,
Não vai nem cai.

Ana pensa o que escreve
E sonha o que pensa,
Travessa, cria, ri, chora,
Dos bêbados, senhora.

O poste não se altera,
Curiosidade morta,
Querer aprendido,
Morrer esquecido.

Ana é pessoa sensível,
O poste, gente invisível.

este poema é dedicado aos que escrevem poemas, aos que lêem poemas, aos que sentem a poesia, porque é em vocês que o poeta em mim existe.