Subterfúgios
Mais uma noite perdida.
Tomo um gole de uma bebida qualquer que achei no armário.
Estou em êxtase, entorpecida demais para entender a solidão.
Lá fora a chuva cai e chega a fazer silêncio..
Eu flutuo bem longe do meu corpo que permanece no chão da cozinha abraçado à garrafa.
Vejo utopias petrificadas no horizonte e escondo as lágrimas por debaixo do tapete, emergindo do meu estupor ao explorar inesperadamente meus lábios com a ponta dos dedos.
Eu desabara e fora arrastada até ali (Mas por quê? Por quem?).
As ruas se fazem vazias e escuras.
Em meio a meus caminhos tortos, meus caminhos órfãos.
Andei, andei e voltei ao princípio.
Ao mesmo embebedar-me.
Ao mesmo mar de infelicidade o qual mergulho em busca de fantasias.
Tola tentativa de desaparecer na mais breve onda, ou mesmo sumir ao vento.
A vida deixou gotículas de chuva em cada gole seco, gotículas perfurantes qual um diamante a refletir ilusão.
Estava eu morta por mais uma overdose de amor? (E nem ao menos soubera de tal)
Estava eu esquecida, numa rua sem destino, na esquina da solidão.
Uma noite imperfeita.
De frases feitas e desfeitas em meio a delírios..
Chego a beber bem mais que 1/3 da garrafa e venho a cambalear pelo mesmo cômodo.
Vivo numa fantasia de amores, solidões e dores.
A embebedar-me em meio a overdoses de amor a cada noite de pudor, num subterfúgio de amor.