Poeta mediano

Meus versos, quietos e inexpressos

não sussurram ocos - se os fossem -

quais os hominídeos abscessos

mugidos às mãos cavas de Eliot.

Não vagam por reinos de sonhos,

de morte, inferno ou purgatório ou paraíso

tal aquele que em conselhos virgílios

aprendiz torna-se amante

e pintor, e poeta, e viajante.

À Beatriz que belas pinceladas de tríades sons divinos:

pai, espírito santo e filho acoplados num só ser: Dante.

Minhas rimas também não são dores argutas

postas em brisas leves e iracundas,

Flores Belas tristes de amor

que num ensejo deixam beijos

ardentes ao confinante rancor.

Não de agonia e de vazios profundos

de um certo Fernando meditabundo

que o toque impele minha Pessoa

à poética labuta que ressoa... e ressoa... e ressoa.... e res... (...)

São linhas de afago num palco

inerte a perda de política luta.

Oposta de um Neruda, amigo Pablo.

Apenas linhas de berros e estilhaços

que afrouxa do peito esse laço

de poeta oco e mediano.

Gabriel Navarro
Enviado por Gabriel Navarro em 28/02/2010
Código do texto: T2112242
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