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Poeta Mediano

Meus versos, quietos e inexpressos
não sussurram ocos - se os fossem -
quais os hominídeos abscessos
mugidos às mãos cavas de Eliot.
Não vagam por reinos de sonhos,
de morte, inferno ou purgatório ou paraíso
tal aquele que em conselhos virgílios
aprendiz torna-se amante
e pintor, e poeta, e viajante.
À Beatriz que belas pinceladas de tríades sons divinos:
pai, espírito santo e filho acoplados num só ser: Dante.

Minhas rimas também não são dores argutas
postas em brisas leves e iracundas,
Flores Belas tristes de amor
que num ensejo deixam beijos
ardentes ao confinante rancor.
Não de agonia e de vazios profundos
de um certo Fernando meditabundo
que o toque impele minha Pessoa
à poética labuta que ressoa... e ressoa... e ressoa.... e res... (...)
São linhas de afago num palco
inerte a perda de política luta.
Oposta de um Neruda, amigo Pablo.
Apenas linhas de berros e estilhaços
que afrouxa do peito esse laço
de poeta oco e mediano.