ACORDES EM NEGRO

Por onde caminham estes olhos tristes?

O que contemplam nestes oceanos revoltosos e confusos?

Penetrar tua alma é difícil,

Mergulho em lagares turvos.

Olhos baixos, pupilas insones.

Buscam a beleza na distorção.

Tendo a lua como companheira,

Dedica a ela sons, letras, inspiração.

As cores são mais belas em teu rosto monocromático.

Fazer do luto uma forma de renascer, de equilibrar os mundos.

Uma vida que tarde descobriu não querer.

Por isso, busca a liberdade em acordes profundos.

És o que não sabes, é confusão.

És a paixão do rubro e a tristeza do negro.

És vulcão a explodir.

És brisa a passar feita furacão.

O poeta sorri com os mesmos olhos baixos.

A ele não assiste a dádiva de tê-la.

Pode apenas ler-te, não merece te ouvir.

Desejaria te ver aos dezesseis anos ao luar,

Barganhar um sublime vislumbre de teu sorriso,

Pleiteando com Apolo o poder de te decifrar.