Sempre, o muito e o agora apenas
Sempre
Há muito de mim
Na palavra que consola
Sempre
Na desilusão que vagueia
Há bem pouco de mim
Entretanto...
Ontem, fui
Uma voz apenas que tentou ecoar
Mas muda esteve
Sem forças para proferir verdades
Ante as mentiras, as falsidades
Uma voz apenas...
Sem rosto, sem timbre, sem retumbância
Uma voz cansada, desgastada pelo tempo
Um simples arremedo,quase um sussurro
Ouvidos moucos, ante o vozear falido
Fez passar-se desapercebido
O grito cruel da ditadura íntima
Hoje, sou
Uma voz aguda de fino timbre
que se ergue em protesto à vilania,
Mesmo enfastiada, ressurge forte
Livre do acinte perante a ameaça de morte
Um grito gutural emerge da garganta
E aos céus manifesta a prece santa
Não há ditadores que sobrevivam
Eternamente em circo de horrores
Agora, já sou
A voz, já mais possante, que empunha a clava
de um amor maior, maior que água, maior que lava
só não mais intenso que o amor de Deus
e no seio da família abriga
o refúgio à voz cansada...
Descansará voz, em plena madrugada
Onde o muito de mim
Sempre estará atento