EU E O TEMPO

O tempo está onde sempre esteve:

presente.

Por mais que persigamos a escolha

não escolhemos o momento,

O tempo é certo, argumento concreto

se hoje não o vivo, não o sou,

se o contemplo, não estou.

Aprendo com o movimento

atento aos olhares que me vêem,

vêm presos ao meu

iludidos pela poesia

traídos pela beleza;

O tempo é o dia da carne na mesa,

do sabor da cama

da lágrima na lama,

Quanto tempo? Não sei,

Para quê? Jamais o saberei;

Alimento-me da dúvida

mordaz certeza

que em mim tudo é assim,

começo do nada

recomeço do fim.

Fugindo ao tempo eu estou

desde sempre,

no momento ausente.