Eis que um Ser me explicou

Numa busca em que o começo

desaparece na solidão das coisas

me vi voando como se normal

isso fosse,

e eu então deslizava por uma descida,

conhecida de minha cidade,

da cidade onde moro,

e assim,

como se fosse tudo natural

o Céu para mim se abria

e eu então sentia

o que expressão alguma

descreveria...

Eu voava, mas era Mais.

No entretanto, o tempo se embaralhava,

Momentos de tempos diferentes se intersectavam,

encontrei amigos que já se tinha ido

e andei por lugares desconhecidos

tive medo e me alegrei

sorri, mas em silêncio,

e também em silêncio,

Uma hora

Chorei...

Amigos de várias datas

me encontravam já velho

de longas barbas...

Amigos infantis

que me traziam as recordações,

faziam-me, mas nada imposto,

ir aos calabouços juvenis...

Amores despedaçados no Silêncio

do não saber o que se sente,

Um rio de sangue a levar

nosso coração numa violenta torrente...

Ah! Quantas faltas senti,

quantas vezes à beira da estrada

morri,

matei-me,

vi-me ali

na curva descendente

de uma estrada

sinuosa de Barra do Corda...

Ah! Eu lá vendo carros a passar,

com um Buraco no peito,

e um sussurro que queria me jogar,

e jogava, jogava-me sim,

no meio da estrada,

diante da violenta Pancada,

eu me realizava

partindo dali,

daquele abismo extremamente profundo,

que havia dentro de mim,

e que era mais que todo o Mundo...

Eu passei por aquela prova

dos laços da morte escapei,

mas sinceramente

onde me encontro eu,

sinto que ali,

mesmo meu eu passando,

algo de mim certo Morreu...

Eu vi pessoas que amei,

Eu amei pessoas que nunca vi

e me realizei com amizades

deturpadas

pela falange do inimigos declarados,

de Espíritos que sempre apreciei,

Ah, eu não sei...

não sei agora

se passei por onde imagino,

se devo dizer ou não,

revelar a face de tudo

que me completa

porque preenche

carinhosamente,

sem que eu mesmo saiba quais são,

sem que eu diga sim ou não,

eis que um Ser que me encontrou

me explicou

como e porquê voava,

mas ao mesmo tempo tinha sua

face velada,

e aqui pergunto

a vocês,

já sonharam assim,

e se sonharam

revelariam a face de quem te ama

e que você ama reciprocamente assim,

Assim como não sabe explicar...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 06/02/2010
Reeditado em 15/12/2022
Código do texto: T2071813
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