a pele dá tesão.
encosta, arrepia, queima,
 
é só ato,
movimento, estertor.
 
a pele pede e toma,
sacia-se e vai embora,
e só se assanha a tez
se a encontra outra vez.
 
ou talvez a consumação a consuma.
perde o encanto, não há mais o que
se fantasiar,
torna-se ato.
 
a sedução ideária não.
não é seu corpo que pede,
é sua alma que deseja.
 
ficamos mais excitados com uma bela
narrativa que com um toque caliente
então eu pergunto,
 
eu te provoco?
onde?
no suor do lábios?
no arrepio dos seios?
no desvio do olhar?
 
é sua pele a provocada?
ou são seus pelos?
serão suas ousadas mãos?
ou a flor que lhe nasce abaixo do ventre?
 
as coxas, as costas, os dentes?
ou te provoco toda desde a mente?
o que sente?
quando a voz rouca manda-lhe ficar calada
mas o olhar intenso que vai e vem
causa-lhe gritos?
safada
amada
tarada?
 
eu te provoco?
quando?
ontem
hoje
e sempre?
agora, em que as palavras
te penetram lentamente
e gozas plenamente?
gozo solo em tuas próprias cavas,
e tu, sabes o que me causas?