Quero uma palavra que me escorregue pela boca,
sem a necessidade que seja nobre como desbastar,
é justamente o contrário seu intuito: acrescentar.
 
Não uma palavra anatômica, como átrio,
o que quero não é um coração em duas partes,
e sim dois corações em uma só.
 
Uma palavra entremeada do feérico e do hodierno,
palavra complexa como solecismo, embora
O erro esteja na ausência e não na sintaxe.
 
Ah! Chega de palavras esdrúxulas, de termos
anacrônicos, de tartamudear o vocábulo,
quero uma palavra que deambule de meus
lábios diretamente aos seus.
 
Se não houver tal palavra, sequer um
neologismo que seja concomitante com
amor e unção, uníssono, definitivo,
será então, o beijo que hei de lhe dar.