HOMO BRUTUS
 
teus braços abertos como troncos, toscos
grossos, escuros, neste teu tronco nu,
coberto senão de pelos
e o suor dos trabalham de sol à sal
com as brutas mãos espalmadas,
 
estes olhos que não vejo mas sinto
o olhar me seguindo, despindo
meu corpo branco, macio,
meu colo verde, fecundo
onde teus braços toscos, abertos e
côncavos, fazem meu ninho,
 
estes pelos em que me grudo como
erva parasita no teu tronco nu, aberta às suas
brutas mãos, espalmadas em minhas coxas
e costas, palmadas, espadas são
seus lúbricos dedos, que da boca à gruta me
adulteram, dilaceram, harmonizam
esta alma de poeta que tem a menina,
este corpo de puta que tem a mulher.
 
(quase que a pedidos)