os dias passam em suas esperanças juvenis
crenças atávicas de que é dia porque o sol brilha
é noite porque a lua míngua,
é tarde porque a felicidade é tardia. 
 
passa hoje no dia um colorido de flor
um doce de mel, uma fita amarela
cela os olhos com te olhei, o beijo que sonhei
embala meu sono pouco até sonhar você.
 
efêmeras manifestações de um cotidiano
ausente, o que não acontece mas se pressente
e se vive e se cria e é quase real,
como a imagem bela de seu sorriso que guardo
na memória diária do meu amor.
 
apenas hoje, neste dia de hoje, torna-se ausente
o cotidiano ausente. já não é dia de flores, do bom dia,
de poesia, é dia de silêncio, de olhar sonhador para o céu vazio,
céu de brigadeiro.
 
é nesses dias, sem voz, sem palavras, sem afetos
quase sem esperanças,  sem elos visíveis
que sei que há um amor possível, intenso e belo e feliz
pois resiste até mesmo a falta de si.
 
um amor que já não existe pelo que temos
apenas pelo que sonhamos e queremos e fomos,
amantes do amor pleno.