Apagar-me

Não podes apagar-me simplesmente.

Não há ponto final que encerre a poesia.

Negues, omitas, digas não!

Sabes que é mentira...

Por preço a lembrança, incômoda, vingativa.

Seus abraços insistem em minha pele,

Seu perfume me acompanha pela casa,

E sua essência enraizada à minha alma.

Posso dizer que esqueci,

ou que jamais te amei.

A verdade se cala, mas o coração não mente.

Acelera à primeira lembrança, os olhos sentem,

principia a lágrima,

Tudo à se dizer, mas se diz:

foi só um cisco, sabe, poeira...

Outra vez vou fingir, outra vez vais negar.

Digo-lhe que esqueci, e você diz veemente,

que jamais me amou...

(Assim eternizaram-se nossas reticências)...