Quando aperto os dentes o sangue consome
a saliva, as narinas expandem-se ante o odor
agridoce, os olhos estendem-se rubros,
devoro corpos, crepúsculos , palavras,
insaciável, predador de coisas e gentes,
a tudo possuo, a tudo destruo.
Morrerei, que pereçam comigo os seres
incautos que andaram meu caminho,
minha luz é negra, meu delírio é mórbido,
estremeço a cada disparo fatal,
prefiro a tortura, o prazer da agonia,
o suplicio infindável.
Quero rir da dor, ingerir o vomito,
passear entre carnes putrefatas,
poeta morto, resta-me somente
os impulsos do homem....