ficamos a sonhar, sempre
com o que difere do diferente
e é igual ao reflexo que no espelho vemos
 
sonhamos com alguém tão próximo
da distância que nos atrai
que somos traídos pela percepção
pela sombra, pelo velo, pelo medo
 
temos de sonhar, todos tem
e sonham, mas ali também vivem
sem procurar o objeto sonhado senão no sonho
senão em pensar que não há existência
 
quando surge em nossas vidas
este ser espelho, este ser próximo
este ser sonhado, atraído
não o vemos, não reconhecemos, não reparamos
e o perdemos, sem saber da perda,
para sempre achando que não achamos.
 
mas quando nosso olhar se encanta
a mente antes encantada, os sentidos
todos em alerta, expostos, abertos
o sorriso na lembrança, a fragrância (aroeira?)
já sabida, a suavidade serenada
gritamos, pedimos, cantamos
para romper o silêncio e promover o amor.