187 _ Suicídio lucído

Vida nebulosa

Mulher desnudada

Assustada e apavorada

Visão que choca

Ré confessa julgada

Sem defesa própria

Fragilizada e humilhada

Entre um conflito familiar

Vitima de si mesma

Hoje no peito carrega

Coração vazio e gelado

Pelo passar dos anos

Da imensa dor que sentiu

O seu próprio sangue

Castigando duramente

A lhe mal tratar

Sentada a janela

Perdida e só em

Seus pensamentos

Poderia seguir adiante

Enfrentar os problemas

Deixar a todos

Procurar novo caminho

Reconstruir a vida

Mas perdeu todos os sonhos

Dentro de si mesma

Vem o ar frio e gelado

Sopra-lhe o rosto

Mas prefere fingir

Que não o sente

Devagar se levanta

Fechando a janela

Puxando acortina

Caminha até sua cama

No ambiente sombrio

Como cenas um filme

Revê e revive

Toda sua vida de luta

Para não cometer

Nenhum deslize

Cada dia, horas

Segundos e minutos

De seu passado

E chega a conclusão

Que não mais quer viver

Não sente ansiedade

Ao que vai fazer

Apenas quer deixar

A cada um deles

A última lição

Atordoada e vencida

Deita-se em forma de feto

Horas fica assim

A gaveta do criado

Ela abre e apanha

Todos os medicamentos

Engole todos, um a um

Rapidamente, fecha os olhos

Só faltam alguns segundos agora

Com certeza estará morta

Antes de eles chegarem

E realiza seu ultimo desejo

Mentalmente lúcida.

Kátia Pérola _ (Arquivos)

Kátia Claudino Caetano Pereira