Meta incerta
Tão longe dista a abstrata idéia
Tão escondida, camuflada
Perfeitamente ocultada
Já fui tantas e tantas outras ainda serei
Rompi tratados, costurei retalhos
Segui por atalhos
Trai alguns ritos
Sacramentei o sagrado
Absorvi o profano
Vivi insanidade em plena claridade
Fui sã em meio a obscuridade
Quando morrer, apenas deixar de ser
Tudo quanto poderia, haveria de ter sido
Bom seria morrer na calada madrugada
Cabeça recostada no peito teu
De tudo quanto fui, vivi, senti
A única certeza é a idéia do teu ser
Apenas restou-me este aprendizado
Aprender amar o ser amado
Sem vacilos, tropeços, becos
Aprender amar como em um domingo de sol
Com afeto sincero, visível, concreto
Mas perco-me em esquinas
Desvio desta meta
Quando vem a noite, quando embaçam os vidros
Lá fora o vento descortina a escuridão
Recosto não no peito teu
Recosto apenas
Apenas recosto