Andarilho

Caminha... caminha...

Em passos constantes.

Não se atrasa

Nem mesmos volta atrás.

Sério.

Organizado.

Ilustre.

Todos o marcam

E ele marca a todos.

Nunca envelhece,

Mas arranca a mocidade

De quem se debruça na vida.

Sem defeitos.

Desfeito chora por ele o acomodado

Que se perdeu entre seus próprios

Pensamentos atrofiados.

E ele segue pela estrada a desbravar.

Seu vulto é todo o passado.

Seu presente intenso e volátil.

Seu futuro é um trajeto a ser elaborado,

Envolvendo-nos num ritmo

Nem sempre empolgante.

E quem o segue não para jamais,

Porque ele é infinito

No finito do nosso existir.

Andarilho de botas fortes

Que enfrentam os atoleiros da estrada.

Sábios são aqueles que o seguem

Não desistindo quando

Assoleados e tristes,

Com fome e descalços,

Com frio e sede

No caminho poento

Da estrada longa e torta.

(Heterônimo - Sophie Amadeus)