VELHA DESCONHECIDA

O teu corpo sem alma perdeu expressão

pros meus olhos que outrora não viam mais nada;

hoje minha emoção desconhece teu rosto

nessa cara lavada que um dia beijei...

Quem morou em quem és é distante pra mim,

derreteu entre a casca, evaporou no vento,

ganhou fim onde a vida exigiu transparência

e cobrou sentimento mais sóbrio e profundo...

Tua voz hoje arranha; perdeu melodia;

soa gasta e tardia, sem dom de prever

minhas conchas carentes de acústica sã...

A saudade que sinto é de sentir saudade,

foste minha verdade mais falsa e volúvel;

minha crença mais vã; meu prazer mais vazio...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 09/10/2009
Código do texto: T1857167
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.