BAIANA

BAIANA

Quando falaram da baiana.

Fui logo fantasiando,

Pensei no acarajé

Pois samba na ponta dos pés,

Venda-a dançar para mim.

Imaginei-a como parada,

Jamais como estrada.

E pela manhã,

Quando a pegamos

Vimos àquela imensidão de nada

Apenas soja pelas beiradas.

E de cara fui falando

É essa a baiana temida

Que provoca os motoristas

Causando-lhes tantos danos?

Mirei-a bem!

Não me parece assim!

E num sorriso galante

Versei aos acompanhantes.

Eita! Baiana arretada.

Se não a pegarmos cedo,

À tarde ela não rende nada.

E nos primeiros quilômetros

Deu-nos as boas vindas,

Toda arrumada ainda,

Mas a partir dali,

Castigou-nos o quanto pode

Fazendo-nos remexer

Até o corpo doer.

E se tornou tão magrela

Que as danadas das costelas

Faziam-se aparecer.

E como se não bastasse

Uma baiana desnuda

Sem acessórios e sem pinturas

Parecia não ter fim.

E o destino almejado

Parecia não existir.

Mais de repente!

Estendeu-se a nossa frente

Um tapete gigante.

Era Juara acenando,

Gritando, para não desanimar.

E nesse trecho da estrada

A baiana se ajeitava

E com seu traje de gala

Ia se despedindo.

Mais na volta

Eu a vi com sorrisinhos

Aos pouco se despindo

Dizendo-nos assim:

- Vocês voltaram por mim.

MARGARYDA BRITO
Enviado por MARGARYDA BRITO em 17/09/2009
Código do texto: T1816235
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