BAIANA
BAIANA
Quando falaram da baiana.
Fui logo fantasiando,
Pensei no acarajé
Pois samba na ponta dos pés,
Venda-a dançar para mim.
Imaginei-a como parada,
Jamais como estrada.
E pela manhã,
Quando a pegamos
Vimos àquela imensidão de nada
Apenas soja pelas beiradas.
E de cara fui falando
É essa a baiana temida
Que provoca os motoristas
Causando-lhes tantos danos?
Mirei-a bem!
Não me parece assim!
E num sorriso galante
Versei aos acompanhantes.
Eita! Baiana arretada.
Se não a pegarmos cedo,
À tarde ela não rende nada.
E nos primeiros quilômetros
Deu-nos as boas vindas,
Toda arrumada ainda,
Mas a partir dali,
Castigou-nos o quanto pode
Fazendo-nos remexer
Até o corpo doer.
E se tornou tão magrela
Que as danadas das costelas
Faziam-se aparecer.
E como se não bastasse
Uma baiana desnuda
Sem acessórios e sem pinturas
Parecia não ter fim.
E o destino almejado
Parecia não existir.
Mais de repente!
Estendeu-se a nossa frente
Um tapete gigante.
Era Juara acenando,
Gritando, para não desanimar.
E nesse trecho da estrada
A baiana se ajeitava
E com seu traje de gala
Ia se despedindo.
Mais na volta
Eu a vi com sorrisinhos
Aos pouco se despindo
Dizendo-nos assim:
- Vocês voltaram por mim.