ANJO DE VOLTA PARA CASA

ANJO DE VOLTA

PARA CASA

Para que romper a aurora minha donzela

se, no meu dia chegado,

rosto algum eu verei

de dentro do meu mausoleo

Para que saber que o dia amanhece minha dama

se minhas noites são calmas

e amortecem minhas tragédias,

na voz de minhas últimas boemias

e das mulheres desregradas

à procura de vida

nos cabarés meio inóspitos.

Para que romper a aurora minha donzela

acompanhando esse sol antigo

se na verdade prazer, nenhum me propões,

estes só existem dentro de mim mesmo.

Prefiro, pois, acompanhar a noite

ao sons dos copos

e das raparigas sem destino

que nada me prometem

e tudo me tiram.

Prefiro acompanhar a noite minha dama

apenas com a leve percepção auditiva

fugindo nas vozes dos galos prematuros

e no uivar dos cães famintos.

Para que esperar a aurora minha donzela

se a vida palpita em meu corpo

Se o dia com certeza absoluta, virá sobre mim,

e maltratará os meus olhos;

e apagará , moça, minha alegria.

SSPóvoa
Enviado por SSPóvoa em 27/08/2009
Reeditado em 01/12/2012
Código do texto: T1777608
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