PREGUIÇA

O calango dormita num banho de sol

e nem vê que um besouro caminha bem perto;

lá na frente a coruja observa e boceja;

uma cobra rasteja sem ar de ameaça...

Patos nadam - mais nada - no lago lodoso,

folha seca e miúda faz pouso discreto

apoiada na brisa que a trouxe de longe;

há um boi quase monge mugindo no pasto...

A cigarra improvisa uma trilha sonora,

faz a hora mais lenta, passiva e velada;

meio eterna; suspensa; vazia; profunda...

Gavião plana livre, meus olhos também,

vou além das montanhas miúdas e azuis

pra sonhar que ninguém me acordará daqui...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 07/08/2009
Reeditado em 07/08/2009
Código do texto: T1742157
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