Ah! Que Viagem!

Estive em um lugar mágico!

De palácios, princesas e reis,

Uma terra de fartura e encanto,

Que jamais me esquecerei.

Não sei como, lá, fui parar

Nem me lembro da viagem.

Não me recordo de embarcar

Nem mesmo se levei bagagem

Lembro-me de que o rei era meu amigo

E que era um rei justo, maravilhoso,

Que governava com extrema sabedoria

E olhava as indigências do seu povo

Lá, meu relógio era o sol,

E o tempo era meu grande amigo.

Vi as manhãs surgindo no arrebol,

E o céu de estrelas era meu abrigo.

Adormecia no colo da noite.

Minha cama era uma margem de capim,

Onde o rio me permitia a pernoite

E as águas cantavam para mim.

Lá encontrei a mulher de meus sonhos,

Conheci o amor, a ternura e o carinho.

Mulher que já não se vê assim, suponho,

Vestido de chita e pés de chinelinho.

Lá, construí uma casinha branca,

Num pé de serra, pro meu amor primeiro.

Buscava água na biquinha da barranca

E à tardinha, reunia as crias do terreiro.

Lá não tinha armas, não tinha guerras

Nem contracheques ou contas pra pagar,

Não existiam cercas demarcando terras,

Todos se serviam das terras e do mar.

Naquele Lugar, nunca vi algém triste!

Era um reino encantado cheio de fantasia.

Lá, as crianças brincam, o sonho existe.

É um lugar onde tudo é feito de poesia.

Mas era apenas uma viagem, e eu precisava voltar.

Embarcado de volta e para um último adeus, me virei.

Vi, então, uma placa cintilante indicando o nome do lugar:

“Bem vindo a Pasárgada”! Que pena! Acordei!

Maria Helena S. Ferreira Camilo C. Lucas

(Do Concurso Uma Viagem para Pasargada da Litteris Editora RJ em homenagem ao poeta Manoel Bandeira)