VISÃO DE FUMÊ

Tenho marcas de mundo por todo o meu ser,

uma trouxa de sonhos que o tempo encardiu

e carvões de fogueiras que arderam sem fim;

muitos fins de sem fim, eternidades gastas...

Trago pesos de vida no dorso da essência;

águas densas, profundas, de fé poluída;

carga imensa de mortes e ressurreições,

caminhões de lembranças amargas e doces...

Quase nada me assusta nem produz encanto,

pois o tempo me deu estes olhos de vidro,

parabrisas com filme, visão de fumê...

Novidades têm ares de velhas vivências,

uso filtros, dormências, abafo seus baques,

tenho senso antiataques; radar antimísseis...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 28/07/2009
Código do texto: T1723808
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