MÁSCARAS
Nós, sem as máscaras, estamos nus.
É de fragilidade e medo essa nudez.
Então vistamos logo nossas roupas
esterilizadas de encanto.
Desfilemos com elas pelas ruas estéreis.
Nosso sonho não mais poderá nos fazer mal.
Só nos é permitida a dor conhecida.
Só está ao nosso alcance a dor antiga,
agora reformulada.
Pintada sobre sorrisos ocres.
Quem cometeria a suprema estupidez
de acreditar ter a força para entender
a substância da agonia das poesias incompletas?
Quem, além de mim?
Sou quixotesco.
Os moinhos de ventos
são verdadeiramente gigantes.