O POEMA NÃO PODE

O poema não pode ser assim.

O poema não pode ser assado.

O poema não pode se mostrar de lado.

O poema não pode conter glútem,

nem agrotóxico.

O poema não pode ter palavras que sobrem.

Ah, também tem de ser lógico.

O poema não pode ter rima pobre,

nem exdrúxula.

O poema tem de ser orientado,

por astrolábio e bússola.

O poema, se concreto,

tem de ser desenhado à metro,

se haikai,

não pode gritar banzai,

se soneto,

obediente a decreto,

se cabrito,

não pode virar bode.

O poema não pode conter versos livres.

O poema tem de vestir-se à rigor.

De toda novidade, nutrir horror.

Delírios loucos, então, nem se fale,

aí é que ele nada vale.

O pobre do poema,

por decisão de alguns,

enfim, nada pode.

Se és dos que pensam assim:

que o poema nada pode.

Eu te digo do fundo de mim:

NÃO FODE !!

- por JL Santos, em 23/06/2009 -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 23/06/2009
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