Pedaços de mim que cuspi na boca da vida.
Pedaços de mim que cuspi na boca da vida.
Meus poemas, meus versos, meus sofreres
Juntei e cuspi na boca da noite.
Numa noite
Qualquer, meio louca e fria
Decidi que a vida não merecia
meus pesares
Nem meu sofrer sequer podia
merecer
Resolvi que melhor era mesmo
Cuspir na sua boca.
Passou um pensamento assim,
Inda que breve, que tudo em demasia cansa
E senti, de repente, estar cansado.
Sai estrada afora, assim,
Meio sem rumo e fui enfim
Observando que
nem tudo era tão ruim
como eu via...
A estrada, por exemplo, era iluminada...
A porteira estava lá escancarada
Ninguém que pudesse ouvir minhas passadas
E depois dizer que
Elas a incomodava. Assobiei uma música
Qualquer, que se bem tocada,
Faria Deus dançar aqui na estrada.
Senti o cheiro que a terra
Exalava quando se sentiu molhada
Vi que pássaros levantavam vôos
Ao ouvirem o assobio
Ou as passadas. Mas que pássaros
Existiam e voavam era um fato
E o vazio e o sentir-se sozinho
Foram-se indo embora. O retrato
Dela que trazia na carteira
E que agora mau cheira...
Rasguei e deixei pra trás
Segui, com só faz,
Quem sabe por que está seguindo
E sabe onde vai. E fui fingindo
Que sabia, mas, ia
Revendo tantas coisas
Que a tempos nem via
E que sempre estavam
Lá mesmo no mesmo caminho.
Era só uma questão de vista,
Ou ponto de,
Era só uma questão,
Naquele(a) momento/tempo/hora,
De decidir:
Ficar/sentir-se triste
Ou ver o mundo
Que existe
E não é lá tão feio
Quanto parece.
E eu, que não sou lá de rezar,
Em genuflexão, fiz uma prece.
E continuei seguindo...