Noturno

"A noite é longa

(tanto quanto os dias)

e eu sigo uma trilha perdida

por dentro de mim mesmo.

As paisagens que olho são conhecidas,

velhas [des]conhecidas,

mas cada vez mais reveladoras;

queria eu poder olha-las com tanta clareza

todos dos dias de minha vida.

De repente, não mais que isso,

chega a um bosque de mata fechada

e árvores altas que escondem copas floridas;

é aqui que me torno menos comum a mim mesmo.

Vejo sombras se escondendo por entre os largos troncos

e rostos esculpidos nas cascas feridas das grandes árvores;

eu sei quem são, só não reconheço o porque de estarem ali.

Olho pra cima e tento o ver o céu,

céu de mim mesmo, topo de eu próprio,

mas as flores (irreconhecíveis) me impedem a visão;

pelo menos ainda há flores em mim...

e antes eu só via flores em você.

Talvez seja por isso minha visita ao bosque hoje:

me revelar que as flores estão em mim,

o que mudam, são os insetos que as vem polinizar."

Diego Filipe Araujo Alcântara
Enviado por Diego Filipe Araujo Alcântara em 28/05/2006
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