BANQUETE DE VIRGENS LOUCAS
Eu, que longe enxergo,
prevejo chuva e trovoada,
pássaros voando na madrugada
em busca d ninhos desfeitos,
escondidos nas brumas
de avalon e da baixada,
santista ou fluminense.
Eu, que sou nada bobo,
acordo uivando de lobo,
assovio músicas inéditas
nunca antes compostas,
nas mesas das padarias,
com jaca servida em postas,
banquete de virgens loucas.
Eu, que caí do cavalo,
sem nunca ousar cavalgar,
saí de fininho, pela esquerda,
na estrada que conduz ao lugar
onde se ergue a morada
da fada feia e desalmada,
mulher de cabelos amarelos.
Eu, que comi tutu com torresmo,
peguei diarréia mental,
peripaques na veia aorta,
nascente de tomate e repolho,
um cisco no canto do olho,
fratura exposta na unha,
que logo se curou, ao nascer da lua.
Eu, pobre menor querente,
dos céus, um dia, atirado,
de tudo não me arrependo,
de nada sei muito certo,
só sei, que empenhei minhas jóias
para não morrer de frio no telhado.
Eu, um cara meio velhaco,
nada ganhei na esperteza,
a não ser um fio desencapado,
duas revistas bem velhas,
uma garrafa de pinga, quebrada
e um naco de bolo solado,
que guardei dentro do sapato.
Eu, que virei o mundo pelo avesso,
hoje, cumpro a minha pena,
subindo e descendo da cama,
cantando nas esquinas sem postes,
sob luzes de raios leiseres,
um forró com letra alemã,
para anunciar a manhã.
- por JL Santos, 31/05/2009 -