NINGUÉM CONHECIDO
Boa-noite.
Esse eu acabei de fazer:
NINGUÈM CONHECIDO
Sou alguém inquieto,
- no início da noite -
esperando um prêmio
ou um anjo,
que nunca chegam,
nem mandam notícias.
Sou alguém silente,
- à beira de mim -
ouvindo sons imprecisos,
que sobem até o nono andar,
apesar da cortina
e da grade da janela,
sempre fechada.
Eu sou alguém enovelado,
depois que caí da torre
e um caminhão me atropelou,
- na contramão das minhas dúvidas -
me deixando a mente fraturada
e profundas cicatrizes na alma.
Sou alguém que espera,
- num lugar sem esperança -
pelos meus sonhos de criança,
por dias amarelos de outono,
consciências limpas, sem sono,
um cão ladrando seis horas.
Eu não sou ninguém conhecido.
- antes eu até me sabia -
O tempo me urdiu um novo rosto.
O espelho me negou cumprimento.
A noite veio e me desmascarou.
Vou beber a noite na esquina.
É o que me restou.
- por JL Santos, em 20 de maio de 2009 -