Estou contente por me sentir gente.
Sou gente por te ter tido presente.
Neste meio-dia lá no céu vejo a lua,
sem luz, sem ritos, triste e crua.
Nos olhamos conformes,
velando enterros disformes.
Os lírios atirados ao mausoléu
dos mortos que riem do aburdo,
são culpas do ontem que já morreu
insepulto por um futuro cego e surdo.
Planto açucenas sobre o passado.
Me dou sem querer saber quais futuros.
Me entrego ao pensamento quiça fadado
de ausências e razões de incerto auguro.
Assim mesmo, contente vou vivendo.
Despertei pensando em ti, latente em mim.
É um fogo calmo, um sunami sereno,
harmonia primal do verbo e espaços sem fim.