Memória
Do beijo primeiro
não resta lembrança:
Talvez em janeiro
quando era criança...
Talvez fevereiro
(menina de trança?)...
Não sei, mas esgarço
a memória a fundo;
terá sido em março
o beijo segundo?
Será que alguém viu
e o possa dizer?
Talvez fosse abril...
Pudesse antever
vislumbre, soslaio
da pena que empunho
e escrevesse maio?
Porém, se foi junho?
Se eu minto me traio
e perco esse orgulho...
O amor veio em julho
beijar-me com gosto?
Não sei... Não me lembro;
nem sei se era agosto...
Talvez em setembro...
Encubro o meu rosto
nascido em outubro...
Só disso eu me lembro:
O início da história!
Memória em novembro
virou precipício;
de nada eu me lembro
nem sei se houve dor...
Amor em dezembro?
Não lembro... Não lembro...
Mas, lembro: Era amor!