Ninguém sabe?
Tava aqui matutando
Procurando, refletindo
Neste mundo abestado
Nesta falta de amor
Sei que o assunto
Já causou certo cansaço
Mas veja bem
Meu amigo o que faço
Neste certo descompasso
Onde tudo é regido
Pelo que possuo
E não pelo que faço
Todo dia quando acordo
Penso em comum acordo
Mas logo no primeiro passo
Me deparo com fria sutileza
Destes que não conhecem
A tal da gentileza
Ela não esta a venda
Talvez por este fato
Seja tão difícil de exercida ser
Apenas possue gentileza
Quem tem alma liberta
Liberta alma
O sujeito que consegue pensar
Em tudo quanto aí esta
Lá em sua sabedoria
Sabe muito bem separar
O valer á pena
Do nada valer
Ouça amigo veja bem
Não sou mais do que ninguém
Apenas questiono
Nada mais
Ora deixa disto cabra safado
Num ta vendo
Que é que tá errado
Quem mandou nascer poeta
Tu é que se vire meu compadre
Continue questionando
Ou se acomode no teu canto
Mas me faça um favor
Não bate mais na minha porta
Cinco horas da matina
Que lá no meu trabalho
Eu cumpro é horário
Se ta certo ou não tá
Isto deixa pra lá
O fato meu amigo
Tenho cinco filho pra alimenta
Vai pegando sua rima
Até mais tenha um bom dia
Que eu preciso preparar minha marmita
Dentro dela cabe pouco
Um mexido com arroz
Feijão anda escasso
O que ganho é fiasco
Pego metrô
E ainda apanho
A gente tem carrasco
Vai poeta vai-te embora!
Vou saindo meu amigo
Me desculpe o emproviso
Mas carecia de inspiração
E nada mais real
Que buscar esta danada
Com pessoa atarefada
Pessoa do povo
Eita vida abestada
Vou cair é na estrada
Bem penso em ir a pé
Até o Planalto Central
Quero ver se arrumo paciência
Quero é uma audiência
Vixi Virgem Santa
Esqueci que em Brasília
Rima não encontro
Lá falta rima
Sobra propina
Aqueles caras são safados
Todos bem articulados
Uma teia de mistério
Envolve tudo quanto é ministério
Vou ver se me encontro
Com aquele cara de pau
Que apareceu no jornal
Distribui passagem
Mas que grande sacanagem
Essa laia diz que nunca viu ou sabe de nada
Mas que pessoal desinformado
Esse povo do Senado
Enquanto isso
O povo assalariado
Assiste a tudo nada mais
Eu pergunto minha gente
Canudos nunca existiu?
Contestado inventado?
Revoltas por todo lado!
Eita povo esquecido
Nem sabe que em outros tempos
O povo reagia
Mas já que tá tudo a contento
Eu apenas fico aqui
Questionando
E ainda passo por rabujento!