Em tantos eu te sonhei
(15.04.09)

ue sei eu
dos caminhos e descaminhos da vida,
se nem sequer tenho certeza dos passos que dei,
que darei, ou que deixarei de dar,
pois depois de tanto caminhar
vejo que nem sai do lugar,
sou um eterno prisioneiro
de tantos recomeços,
de tantos tropeços
que pateticamente reincido,
recalcitrante contumaz,
que não aprende jamais
a perceber se é o início ou o fim,
se para ir ou para ficar,
se não é melhor parar
de cometer desatinos,
desafiar destinos,
que por destinos não se mudam,
se vivem apenas,
se sofrem apenas, se sonham apenas,
e simplesmente se espera
por momentos melhores,
ao menos não tão ruins
(mas nem sempre foi assim,
pois em tantos eu te sonhei,
e em tantos eu te amei,
embora em muitos eu te perdi).

E quem então quer assim
viver com tamanha pressão
de sentir que nessa imensidão
de tantos e tão grandes sentimentos
restarão somente lamentos,
restarão breves afagos,
lampejos de lucidez
que todos por sua vez,
um a um, passo a passo,
entrarão num descompasso
e numa ruidosa sinfonia
na falta de sintonia
na falta do que pouco se espera
do que na verdade pouco se pede
tudo então se despede
de tudo que pareceu ser muito
muito mais é o que se perde.

E alarma a alma tamanho desencontro.