O tempo que não retorna
(14.04.09)
stranho é o preço da felicidade,
tão estranho como a saudade,
tanto quanto tudo que se sente.
quando tudo o mais fica ausente,
quando tanto perde o sentido.
É tão estranho tal preço,
que assim eu questiono
se é isso que eu quero,
se é isso que eu mereço,
pois assim eu pareço
largado tão fora de hora
embora de nada eu entenda
mas depois de tantas contendas
preciso me resguardar,
o tempo parece esfriar
e nada há que repare
tanto e tamanho estrago
de tudo que comigo trago,
de tanto que em mim se perdeu,
e somente quem não percebeu
e somente quem não olhou,
quem por isso não passou
não é capaz de entender
quando digo que não sei mais quem sou.
Sou sonho e pesadelo,
inverno e primavera,
pois não sou flor, sou a hera,
sou de uma outra esfera,
sou de uma outra era
distante desta que vivo,
sou quem vive a espera
do caminho encantado
que por aqui não se acha,
que por aqui só se perde,
que nada do que se pede
lhe será dado na hora,
e haja paciência,
e haja horas perdidas,
e haja sonhos desfeitos,
mas que afinal não se perca
o tempo que não retorna...
... e é por isso que não passa
essa vontade de ir embora.