Tentativa abstrata
A página em branco
Instiga o poeta
Mas certa feito flecha
Ausência dela
Louco perdido
Sem sentido o real
Perseguir assim feito
Marginal
Procurar de bares
Esquinas
Tudo em vão
Nem adianta vagar
Em meio á multidão
Foi-se
Partiu sem ao menos
Deixar uma última lembrança
Talvez, talvez ela chegue
Assim como um sopro
Invada sua alma
Penetre na carne
Enquanto não desperta
Reza, ora, suplica
O poeta
Inspiração!
Abandonou-me ao acaso
Enterrou-me
Bem aqui no raso
Que sortilégio
Perecer afogado
Engasgado
Estando tão próximo
Da linha transitória
Do bem
Do mal
Nestes tempos estranhos
Difícil por demais
Arremessar o poeta
Á realidade assim direta
Concreta
Sem ao menos
Um resquício
Um traço
Inspiração
Confesso afastei-te
Sou culpado
Único
Soldado que baixou a guarda
Quase, quase
Me rendi
Ao banal
A esta loucura coletiva
Que paira sobre tudo
Sobre os céus
Esta nuvem nefasta
Carrega consigo
Egoísmo, cinismo
Sarcasmo
Violência incontida
Falta de perspectiva
Assumi querida
Peço perdão
Mas volta
Volta
Minha amada
Musa das musas
Inspiração
Não me relegue
Não me entregue
A esta infindável
Solidão