POEMA AO MOLHO PARDO

Sangro versos pisados tingidos de pus,

tenho peso de cruz nestes ombros arcados

e não sei a que venho nem aonde vou,

muito menos quem sou sob a velha estadia...

Sei que sangro estes versos cobertos de breu,

mal passados no fogo de minhas angústias,

sou a carta marcada na mesa do jogo

autuado em flagrante com voz de prisão...

Descartado e sozinho me deixo sangrar

entre versos anêmicos; pálidos; tristes;

desaguar no vazio de pautas quaisquer...

Vêm do corte profundo nas veias da entranha

estes versos manchados de vida e de mundo,

molho pardo sem sal nem condimento algum...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 30/03/2009
Código do texto: T1513376
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