DESABAFO DE UM CORDELISTA VERDADEIRO
Quridos irmãos (ãs) recantistas:
Ontem, dia 10 de março de 2009, na seção MUITO, do Jornal DIÁRIO DE NATAL, um cidadão, se auto intitulando NEOCORDELISTA, deu uma entrevista, dizendo que o cordel tradicional está fadado à extinção, que nós cordelistas ficamos atentos à métrica e à rima, mas que não respeitamos o público quando escrevemos nossos folhetos; enfim, sobrou até para o pobre do violeiro repentista. Segundo êle, "a bola da vez" é o neocordel, que ele escreve. É uma peça sem métrica nem rima. Não vou dizer o nome do indivíduo, pois "a visão dos meus leitores (as) não é pinico"... Solicitei ao jornalista que assinou a matéria, o direito de resposta, e enviei para o DIÁRIO DE NATAL, esse poema "rimado e metrificado", feito já hoje bem cedo; e que agora estou repassando para todos (as) vocês. Em tempo; perdoem-me o desbafo, mas não me contive...
Senhor neocordelista,
quero em versos lhe dizer,
que cordel, ninguém aprende;
nasce com o dom, pode crer.
Quem não o tem, quer ser artista,
e se diz, neocordelista,
só quer mesmo aparecer.
E como não aparece,
com o valor do verso seu,
agride, faz e acontece,
na seara em que se meteu.
Desmetrifica, não rima,
e quer, ainda por cima,
dizer que o cordel morreu.
Também mostra no que fala,
total desconhecimento.
Cordel não tem só cem anos,
lhe afirmo nesse momento.
No século dezesseis,
afirmo a todos vocês,
cordel já era instrumento.
De narrativas e estórias,
de sua divulgação,
dos mitos de cada povo,
e da sua tradição.
De uma serventia imensa,
era, bem antes da imprensa,
a fonte de informação.
Cordelista verdadeiro,
escreve o verso rimado.
Não agride o companheiro,
seu verso é metrificado.
P'ro neocordel, não dá bolas,
por isso é que nas escolas,
ele é tão solicitado.
Neocordelista, velhice,
lhe juro sem brincadeira,
normalmente é respeitada,
de toda e qualquer maneira.
Lhe deixa exigir respeito,
porém, lhe tira o direito,
de andar falando besteira...
Bob Motta
NATAL-RN
11.MAR.2009