Prece

Meu Deus, livrai-me de mim!

Livrai-me dos fantasmas que habitam os porões de meu ser;

Livrai-me do ódio que, às vezes, emerge

Das profundezas de quem sou,

Com fúria de vulcão querendo tudo destruir;

Dai freio a minha língua que, às vezes,

Fere impiedosamente como fio de navalha.

Abrandai, adoçai, enternecei meu pobre coração

Que não aprendeu nada,

Que não sabe o que é sossego,

Que sangra copiosamente,

Que grita desesperado no silêncio da noite vazia,

Que se transformou num deserto sem oásis,

Que está fechado pra o mundo . . .

Dai-me, Senhor, forças e luz

Para suportar o pesado fardo de ser assim,

De querer, geniosamente, que seja assado;

Perdoai-me a teimosia, o hermetismo;

Segurai minhas mãos para que elas não executem ações

Das quais eu possa envergonhar-me . . .

Iluminai-me para que eu não deixe morrer

A criança que há em mim,

Concedei-me a graça de que através dos olhos dela

Eu possa enxergar o mundo em sua plenitude

E as pessoas com humildade, caridade e fraternidade.

Meu Deus, tende compaixão, piedade e misericórdia de mim!

Oliveira