Arre

Doses de cafeína

Segue ardilosa rotina

Dias iguais, mas iguais não os são

Sempre o cotidiano carece de uma prece

Mas este ar pesado, entorpece a alma

Quem avisou ser a vida fado leve

Quem ousou proferir tal mentira

Sigo assim minha sina

Mundana, profana

Calo em meio ao caos

Não pertencimento

Sinto algo inacabado

Sem haver ao menos iniciado

Princípio da idolatria

Gente que segue seu ídolo

Rasgam-se por ele

Que cenário patético

Arre que estou deveras farta de todas estas convenções

Arre que atrofiada encontro-me, em meio á tantas perversões

Numa casa fechada

Uma espécie de tragédia

Tudo bem patrocinado

Mas que belo espetáculo

Beber, embriagar-se em rede nacional

Viva!

Viva a vulgaridade

Viva!

Viva a futilidade

Arre que estou farta, de tanta canalhice

Entristece-me o espírito

Em saber que tal entretenimento

Vira um grande evento

É famílias compartilham seus momentos

Após o jantar

Tudo, tudo para apostar

Quem vai para o paredão

Quem vai se ferrar!

Arre que bem servidos estamos

É por essas e outras

Que prefiro escrever

O que me vêm á cabeça

Não importa que pouco ibope tenha

O que vale, é não compactuar com esta mídia vulgar

Nossa, acho melhor parar

Caso contrário

Alguém pode me processar!!!