Enre nós . . .

. . . A porta fechada,

Para além da porta fechada

Teu corpo negro, esculpido em ébano.

. . . O espectro do medo ancestral de nos sabermos Vulneráveis diante do desconhecido:

Lugar de angústia, de naufrágio,

De tristeza que vem só de mim,

De alheamento que vem só de ti.

. . . O temor de quem somos

Quando conjugados pelas afinidades que nos unem.

. . . O pavor das diferenças que não se conjugam

( Seremos sempre duas paralelas

Separadas pela indiferença, alheamento ).

. . . A incógnita dos caminhos/descaminhos que levam,

Fatalmente, ao desamor:

Oceano de forma imprecisa,

Naufrágio na escuridão bordada de estrelas,

Grito de pânico que não encontra eco na imensidão

Em que vagamos entorpecidos de desejos

Que rebentam primavera nas encostas de montanhas sonhadas.

. . . Meu sonho de amar-te, Possuir-te, e, também,

O pesadelo que uiva no deserto de minha vida,

Minha solidão no meio da multidão,

Meu choro freqüente por não ter forças

Para amar para além do medo.

. . . A desigualdade, a diferença,

A impossibilidade de sermos uno.

. . . Teu alheamento:

Imensa floresta de árvores seculares,

Veredas que se insinuam orladas de flores,

Clareiras de perdição.

Oliveira