ENTRE A SABEDORIA E A RAZÃO
Começo a perceber que o tempo também me ronda,
Procurei de todas as maneiras dribla-lo em labirintos,
Mas a justa natureza às vezes é dedo duro e nos aponta.
Já sinto os ajustes no corpo que por anos me suporta,
Modela-me, me faz ver o mundo e ainda me transporta.
Que eu não me revolte e não dissemine a guerra,
Entre o que se é e, o que se quer realmente ser pela razão,
De pensar com sabedoria, de uma alegria que me faz criança,
De uma visão, que a todo o universo alcança,
No entanto o ritmo corpóreo declina, pulsa lento o coração.
Acumulei com o tempo e carregarei por toda a vida,
O que pude sorver, dessa grande escola, o universo dos homens,
Porém é o meu grande segredo, e ao mesmo tempo um trunfo,
Ao me esquivar do tempo, por entre os tantos da minha espécie,
Quem sabe assim, nos córregos do tempo escorregarei,
E talvez despercebido passe por esse algoz dos que vivo são.
Pretensão a minha! Mas precisamos nos defender dos fardos:
Comodidade, preguiça, lamuria, mal-humor, depressão.
A vida continuará, enquanto indagarmos ao desconhecido,
Assim andarei, mesmo que extenuado, até o meu ultimo suspiro,
Não sem antes me embeber no néctar da sabedoria e do amor,
E muitos formarão filas e, seguir-me-ão a fintar o tempo.
Rio, 22 de janeiro de 2009
Feitosa dos Santos