Exortação aos poetas!

Atravesso ruas, espero sinais

Aconteça logo, o que esta por detrás

Comprometo-me com rituais

Instituo, meus próprios códigos, símbolos!

Apercebo-me por demais

Que coisinha mais previsível

Um, um segundo, tudo deixa de ser

Já não mais...

Enquanto sigo, pelas fétidas avenidas

Constato, tantas, tantas histórias

Qual será o motivo deste notar em demasia?

A mim, consta, uma espécie de maldição

Sim, certamente

São os poetas amaldiçoados!

Deus, em seu trono

Lhes apontou, um á um

E com ar solene disse

Eis que vós, serão errantes no mundo

Perceberão, as misérias humanas

Sentirão em excesso

Como se, espinho, instalado na alma!

Vós poetas, sim, são amaldiçoados

Está escrito, assim seja!

Vão, vão para seus cotidianos insanos

E virem-se, cumpram, sua tarefa de casa

Escrevam, escrevam, tudo que se passa

E não voltem para cá

Até, que o espinho lhes transpasse por completo!

Assim disse o Senhor

E cá estamos nós, poetas a perambular

Sem guarida, sem lugar

Apenas aguardando, o momento

Do espinho transpassar por completo

Totalmente a alma poética!

A cada dia, penetra mais

Fere mais

A cada dia, a cada dia....