Sexta-feira (santa?)
Um dia triste, frio e molhadiço
e a Sexta-feira nem parece santa;
poucos se sentem com o compromisso
de ver no Cristo a dor que se levanta
e nem se importam se for necessário
negá-lo agora por alguns trocados;
sua ambição transforma num calvário
a vida amarga dos necessitados.
Há tanta fome, dor e desalento
nos corações dos homens infelizes;
há tanta falta de discernimento
e o mal se alastra com tantas raízes
que a Sexta-feira Santa nem parece
lembrar a dor daquele numa cruz
cuja razão de vida era uma prece
resplandecendo paz, amor e luz.
Infelizmente para a maioria
a Sexta-feira Santa representa
que a carne é proibida neste dia
e nem percebe o mal que o alimenta
ao ter no coração a falsidade,
a inveja, o orgulho, o ódio e a opressão
que torna tão pior a humanidade
e a vida um poço de decepção.
A Sexta-feira não será santa enquanto
o homem não parar com a mania
de se fingir de bom, fingir-se santo,
crucificando o Cristo a cada dia!