Sejamos amigos
Sejamos amigos das estradas silenciosas
Das folhas que o vento leva
Das sombras indecisas que não se mostram
Sejamos amigos
Do canto das aves que não se ouve mais
Dos cheiros das arvores carregadas
Que ficaram lá atrás
E quem sabe podemos voltar
A ver as coisas aqui agora com um pouco mais de vontade
Quem sabe se não nos apoquentarmos muito
Se ficarmos calmo deveras
Possamos encontrar na próxima esquina
Os sonhos que nos abandonaram
Quem sabe essa seca que nos assola
Percebendo que caminhamos
Resignados e em silêncio sem dilatar o mal que nos consome
Possa se desencantar de nós
E, já ali bem perto, nos mude a paisagem
E flores encontremos
E verde, e água para nossos olhos
E nossa sede de longo curso
Agradeço-te coração amigo
Por resistir aos desejos da maldade
E ainda, ante tudo que me cerca,
Crer numa impossível esperança,
Um dia, quem sabe, a terra exale
Como nos tempos de completa inocência
O cheiro de todos os sonhos
E, enfim, possa nos guiar
A união de todas as cores...