Sinto
Sinto agora, neste milésimo de segundo
Uma súbita e aturdida necessidade
De fugir deste mundo
Então, sento-me ,e escrevo
Pois ,o único momento, em que consigo voraz fuga
É este, quando procuro, desesperadamente
Transcrever a releitura, que faço, de minha pobre existência!
Tudo parece-me, tão mediocramente, medíocre!
Penso, em sei lá, de repente, sorver algo, para conter
Conter, essa infindada loucura, que vez em quando ,assola
Contamina, acho que vou caminhar
Caminhar, até o hospício mais próximo
Deveras tolo, sequer minha loucura exaspera!
Minha falsa sanidade
Que, seria difícil por demais
Convencer aos demais
Que, preciso ser interditado, calado, silênciado
Amarga esta sensação de achar-se louco e louco não ser!
Nem ao menos isto consegui
Em minha reles condição
Acertar o compasso dos que perdem a razão!
Que fazer então?
Vagar, pelos labirintos, intermináveis de mim mesmo
Mas que urgência, tenho de me desprender
Esquecer, meu próprio sentido de ser!
Ah! Deus das antigas gerações, das eternas maldições
Mas, que coisa, erraste, como Deus pode errar?
Afinal colocou-me aqui com qual intento?
Procuro argumento em sua defesa e adivinhe
Por Deus não encontro!
Vivo então neste contraponto
Será que tens uma agradável surpresa
Será que ainda terei realeza?
Quantos dias ainda restam-me nestes confins de eternidade
Nas ruas desta cidade!
Eu, simplesmente nada, nada fui, nada sou
Nada serei!
Apenas queria, estar alheio, a esta enferma condição
Alheio, á minha nada condição
Mas que aberração
Por que, Tu ,não me deixaste, nascer então um cão?
Hum, que deliciosa, existência seria
Sem consciência de vida ou de morte
Sem questionamentos sobre isto ou aquilo
Sem preocupações que fustigam a alma!
Como grandiosa seria minha vida de cão!