Sinto

Sinto agora, neste milésimo de segundo

Uma súbita e aturdida necessidade

De fugir deste mundo

Então, sento-me ,e escrevo

Pois ,o único momento, em que consigo voraz fuga

É este, quando procuro, desesperadamente

Transcrever a releitura, que faço, de minha pobre existência!

Tudo parece-me, tão mediocramente, medíocre!

Penso, em sei lá, de repente, sorver algo, para conter

Conter, essa infindada loucura, que vez em quando ,assola

Contamina, acho que vou caminhar

Caminhar, até o hospício mais próximo

Deveras tolo, sequer minha loucura exaspera!

Minha falsa sanidade

Que, seria difícil por demais

Convencer aos demais

Que, preciso ser interditado, calado, silênciado

Amarga esta sensação de achar-se louco e louco não ser!

Nem ao menos isto consegui

Em minha reles condição

Acertar o compasso dos que perdem a razão!

Que fazer então?

Vagar, pelos labirintos, intermináveis de mim mesmo

Mas que urgência, tenho de me desprender

Esquecer, meu próprio sentido de ser!

Ah! Deus das antigas gerações, das eternas maldições

Mas, que coisa, erraste, como Deus pode errar?

Afinal colocou-me aqui com qual intento?

Procuro argumento em sua defesa e adivinhe

Por Deus não encontro!

Vivo então neste contraponto

Será que tens uma agradável surpresa

Será que ainda terei realeza?

Quantos dias ainda restam-me nestes confins de eternidade

Nas ruas desta cidade!

Eu, simplesmente nada, nada fui, nada sou

Nada serei!

Apenas queria, estar alheio, a esta enferma condição

Alheio, á minha nada condição

Mas que aberração

Por que, Tu ,não me deixaste, nascer então um cão?

Hum, que deliciosa, existência seria

Sem consciência de vida ou de morte

Sem questionamentos sobre isto ou aquilo

Sem preocupações que fustigam a alma!

Como grandiosa seria minha vida de cão!

Julia Lopes Ramos
Enviado por Julia Lopes Ramos em 13/01/2009
Código do texto: T1382993
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